Com o crescente envelhecimento da população mundial e o maior fardo das doenças relacionadas à idade, é importante que sejam identificados fatores de risco que podem ser modificados, visando-se um envelhecimento mais saudável e facilitando-se a implementação de intervenções precoces. Ambientes “amigos dos idosos” desempenham um papel crucial na determinação da qualidade do envelhecimento.
Extensas pesquisas vêm demonstrando que o processo de envelhecimento e o aparecimento de doenças são influenciados por interações complexas entre os indivíduos e seu ambiente físico e social. Estes incluem fatores como características do bairro, exposição à poluição atmosférica interior e exterior, disponibilidade de apoio social e acesso à internet. Notavelmente, os idosos são particularmente suscetíveis a problemas de saúde resultantes de condições ambientais adversas.
Papel do ambiente físico
As populações idosas vulneráveis enfrentam maiores riscos à saúde devido às alterações climáticas e às condições meteorológicas ambientais. Pesquisas descobriram que temperaturas mais altas e umidade relativa mais baixa estão ligadas à formação de catarata em idosos, bem como os extremos de frio e calor exacerbam a sua percepção da dor. Esses estudos destacam a necessidade de abordar as alterações climáticas e aumentar a resiliência dos idosos aos riscos para a saúde relacionados com o clima, a fim de promover um envelhecimento saudável.
Será que mudanças ambientais podem afetar o comprometimento cognitivo nas populações mais velhas? Um estudo com a população chinesa sugeriu que a diminuição da poluição do ar pode mitigar o risco de envelhecimento cognitivo associado aos poluentes atmosféricos em idosos. O aumento na cobertura de espaços verdes, uma melhoria nas condições socioeconômicas e uma maior participação em atividades físicas e sociais podem beneficiar sua função cognitiva. Esses estudos fornecem evidências científicas de que a melhoria dos ambientes residenciais pode potencialmente diminuir o comprometimento cognitivo no futuro.
Além dos níveis de poluição externa, a temperatura e qualidade do ar interno da residência, bem como a iluminação e a acústica, têm um impacto importante na saúde e na qualidade de vida dos idosos. Ambientes muito frios ou muito quentes podem gerar desconforto, desidratação e até mesmo alergias e infecções respiratórias (no caso do frio). Ambientes internos com pouca iluminação apresentam maior risco de acidentes, fraturas e desestimulam hábitos saudáveis como a leitura, atividades manuais e domésticas. Portanto, cuidados básicos nas instalações das residências, voltados aos idosos, podem fazer toda a diferença para o envelhecimento saudável.
Papel do ambiente social
Na era da informação em que vivemos, a internet tornou-se uma parte importante da vida quotidiana dos idosos, tendo também um impacto significativo na sua saúde. Vários estudos evidenciam que o uso da internet pode ter um efeito protetor contra o comprometimento cognitivo leve, potencialmente prevenindo o declínio cognitivo em indivíduos mais velhos. Da mesma forma, o uso da internet está associado a impactos positivos na saúde física e mental dos idosos, além de melhorar a sua autopercepção de saúde. Por outro lado, dados também mostram que os indivíduos mais velhos têm maior probabilidade de enfrentar a exclusão do mundo digital, o que está associado a piores resultados de saúde. Portanto, além de destacar os potenciais benefícios da utilização da internet para um envelhecimento saudável, os governos e as instituições sociais devem melhorar a acessibilidade dos idosos à internet e a sua proficiência no uso das tecnologias para criar uma sociedade mais inclusiva digitalmente.
O apoio social é outro fator crucial na saúde dos idosos. Vários estudos têm demonstrado a associação entre apoio social, saúde física e mental e o efeito moderador do ambiente comunitário em idosos. Tanto o apoio social formal quanto o informal parecem influenciar positivamente a saúde geral da população idosa. Dessa forma, evidencia-se a necessidade de esforços contínuos para reforçar o apoio social formal e informal prestado aos idosos e construir um sistema de cuidados de base comunitária que permita que o ambiente comunitário modere a relação entre o apoio social e a saúde dos idosos.